quarta-feira, 27 de junho de 2012

Deus, Verdade, Imortalidade e Amor...



Dizia Nietzsche “não há verdades absolutas”. Não queria concordar com tal assertiva. Existem, sim, verdades absolutas, só que são individuais. São as nossas verdades absolutas. Contudo essas nossas “verdades”, são de fato nossas convicções. É o que ele dizia “as convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras”.
 
Certa vez li em um livro, não me recordo o autor, que dizia que Charles Darwin com sua teoria evolucionista foi o primeiro a matar Deus e o segundo foi Fiódor Dostoiévski com sua frase "Se Deus não existe, tudo é permitido". E assim inocentemente acreditava nesta verdade.

Contudo deparei com a seguinte frase de Dostoiévski "à medida que o nosso amor progride, mais nos convencemos de que Deus existe e de que a alma é imortal", e no mesmo momento refleti : como pode Dostoiévski dizer que Deus não existe e num outro dizer que amor aumenta a crença em Deus? Uma das duas frases não reflete o pensamento dele?

Lembrei que até tinha adquirido o interesse em ler "Os Irmãos Karamazov", livro em que foi dita a frase de cunho ateu. Ganhei o livro de presente, comecei e não terminei de lê-lo. É um romance considerado por Freud, o criador da Psicanálise, como uma das maiores criações literárias de todos os tempos, pois aborda o complexo de Édipo. 

Retornando ao assunto, depois que li tais frases descobri que a frase "Se Deus não existe, tudo é permitido", não é de Dostoiévski, mas foi a ele atribuída por Jean Paul Satre, ao ler a seguinte indagação de Mitia Karamazov, personagem idealista tempestuoso:

-Mas então, que se tornaria o homem, sem Deus e a imortalidade? Tudo é permitido e, conseqüentemente, tudo é lícito? (...) Que fazer, se Deus não existe, se Rakitine tem razão ao pretender que é uma idéia forjada pela humanidade? Neste caso, o homem seria o rei da terra, do universo. Muito bem! Mas como ele seria virtuoso sem Deus?



sexta-feira, 15 de junho de 2012

Desabafo dum acadêmico de direito....


Com razão disse um professor que a advocacia é uma atividade eminentemente intelectual. Não sei o porquê de provas objetivas na formação acadêmica. Explico o motivo. É que sempre existe no mínimo uma corrente doutrinária que defende outra tese sobre a matéria. E assim se é tal como Oscar Wilde “daquelas pessoas que são feitas para exceções, não para regras.” E não segue a maioria, pois nas ilustres palavras de Goethe “nada é mais repugnante do que a maioria, pois ela compõe-se de uns poucos antecessores enérgicos; velhacos que se acomodam; de fracos, que se assimilam, e da massa que vai atrás de rastros, sem nem de longe saber o que quer.” Não se alcança um desempenho razoável nestas provas. Mas não desanime. Rasgando o verbo, na profissão terá autonomia, não ficará mais adstrito ao entendimento de outras pessoas, se não concordar com a corrente doutrinária defendida pela outra parte, terá o dever de impugnar, contestar, embargar, destroçar, e para isso poderá usar a corrente minoritária que quando a usou numa prova foi considerada errada sua questão. Se a autoridade judiciária defender certa corrente doutrinária e não quiser aceitá-la como verdadeira, poderá apelar, agravar, embargar, entrar com todos os recursos que tiverem cabimento, e adentrar em uma discussão doutrinária usando a corrente minoritária que quando a usou numa prova foi considerada errada sua questão. Desta forma, será um grande profissional, pois o que importa para o cliente é a impacificidade que você trata as outras partes do processo. Enfim a parte mais benéfica que o retromencionado, nas palavras de Salvador Dali “é preciso provocar sistematicamente confusão. Isso promove a criatividade. Tudo aquilo que é contraditório gera vida.”

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Fazer o que se acredita.

Fazer o que se acredita.

Basta fazer,

é como sorrir ou chorar,

ajoelhar-se ou manter-se de pé,

é o que for mais fácil para o coração.

E o mais fácil para o coração não suporta aperto,

não traz consigo nó na garganta,

nem pede aprovação.

Aliás,

é o que liberta,

e a liberdade é a verdade,

e a verdade é o que você nasceu para ser.

Não a verdade do mundo,

ou a verdade dos outros,

nem tão pouco a verdade escrita nas estrelas,

mas a sua verdade.

E a sua verdade,

essa que você traz dentro de sí

e que não tem coragem de mostrar à ninguém,

essa verdade precisa de cuidados.

Cuidados especiais

porque ela vai amadurecer.

Pois não basta plantar a semente,

cuidar da árvore

e no final não comer do fruto.

Porque a verdade para ser verdade

tem de ser vista,

apontada,

tem de ser plantada e cuidada

para então servir de alimento,

ser digerida.

Pois só assim

você se transformará na semente daquilo que acredita.

Lúcio Flávio Fonseca

06/04/2012.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Conhecimento pelo prazer...


Não é que o educador tem o ônus de ensinar e o aluno o de estudar. O educador ensina por prazer e o aluno estuda pelo mesmo motivo. Aquele que se sente incumbido pode rever seu destino. Infelizmente alguns educadores se sentem obrigados a obrigar o aluno estudar. Ora cada um preocupa com seus prazeres e no final dá tudo certo, se não se tem prazer em estudar o mérito é a reprovação, por outro lado, se não se tem prazer em ensinar o mérito é obrigar que se estude por meio de diversos tipos de pressão. Por fim, vamos esquecer esse assunto e refletir no que disse o mineiro Rubem Alves:

"O aprendido é aquilo que fica depois que o esquecimento fez o seu trabalho".

"A religião é o ópio do povo"








Não queria emitir opiniões religiosas, haja vista que, cada um tem a liberdade de escolher em que acreditar. Contudo, depois de vários escândalos, tal desejo se manifesta impossível. A crença deve no mínimo ser benigna, tanto em relação ao que crê quanto ao próximo. Da “não-crença” exige-se a mesma benignidade. 

Porém o que temos visto é contrário. Ora se um ser que se diz adotar certa crença em determinada divindade, deveria ao máximo transparecer comportamentos compatíveis com tal fé.  O divino é aquilo belo aos olhos. Não se tacha de divino algo imoral. Mas o que vemos é o antagônico. Seres que se dizem iluminados, possessos, cheios, de “Deus” fazerem justamente, aquilo que nem mesmo aqueles que adotam uma não-crença fazem.  Tantas pessoas que seguem ensinamentos “desses”, adotando radical pré-conceito contra aqueles que não adotam nenhuma crença. 

Por outro lado, não ter crença em alguma divindade, não quer dizer necessariamente, ser uma pessoa imoral. Ao contrário, existem tantos não-crentes que fazem o bem, não porque alguma Divindade assim ensinou, mas pelo sentimento de humanidade. Será que estes pré-conceituosos um dia enxergaram que para fazer o bem, dispensável é ser humano, não ter uma crença em si. Por fim, fica a deixa, respectivamente, por Friedrich Nietzsche e Albert Einstein:

 “... Consideremos quão ingênuo é dizer: “o homem deveria ser de tal ou de tal modo!”A realidade nos mostra uma encantadora riqueza de tipos, uma abundante profusão de jogos e mudanças de forma — e um miserável serviçal de um moralista comenta: “Não! O homem deveria ser diferente.” Esse beato pedante até sabe como o homem deveria ser: ele pinta seu retrato na parede e diz: “ecce homo!”[eis o homem].

"Se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa, então realmente somos um grupo muito desprezível".

quinta-feira, 15 de março de 2012

Será o motivo do furto por Hermes dos gados de Apolo ?

     Certa vez comecei a pensar sobre como a beleza e inteligência poderia ser tão rara e ainda ser como a água e o óleo.

      Percebi que, para não ir contra meus princípios céticos deveria continuar acreditando na desirmanação entre Apolo e Hermes. 

      A beleza sempre está ligado ao mistério, ao desconhecido.É como dizia nosso velho Shakespeare "Ó beleza! Onde está tua verdade?"

     De outro lado,a inteligência sob o ponto de vista evolucionista sempre foi dispensável nas mulheres, o que poderia se imaginar que a inteligência faz delas artificiais. Porém, atualmente, as prioridades transmutaram. Contudo por questões céticas, ainda continuo adepto de Verríssimo:



 "Escrevi uma vez que era um cético que só acreditava no que pudesse tocar: não acreditava na Luiza Brunet, por exemplo. Cruzei com a Luiza Brunet num dos camarotes deste carnaval. Ela me cobrou a frase, e disse que eu podia tocá-la para me convencer da sua existência. Toquei-a. Não me convenci. Não pode existir mulher tão bonita e tão simpática ao mesmo tempo. Vou precisar de mais provas."

sábado, 22 de outubro de 2011

A opinião dos outros por Lúcio Flávio...

Porque o que as outras pessoas pensam tem tanto valor pra gente?

    É comum pedirmos a opinião de algum amigo ou conhecido em determinados momentos de nossas vidas. Estes momentos podem dizer respeito desde a compra de um par de tênis de cor extravagante até conselhos sobre tomadas de decisão de caráter profissional. Todavia o que guarda relação em comum com nossa postura ao agirmos desta forma é o fato de não estarmos seguros em relação a nós mesmos, ou seja, quem sabe que quer de fato um par de tênis de cor vermelha realmente comprará tal produto da mesma forma como se compraria qualquer outra coisa. Aquele que é maduro o suficiente para tomar decisões de caráter profissional, ditas como arriscadas, o faz, pois conhece e pode assumir tais riscos.
    A partir de então, temos o ser tomador de decisões como o possuidor da dúvida em si, e não o objeto sobre o qual ele se debruça e pensa a respeito. Isso quer dizer que as situações em si não comportam dúvidas, mas sim o sujeito que irá tomar a decisão. Dessa forma, observar o objeto motivo da dúvida poderá até parecer útil em um primeiro momento, mas logo se demonstrará infrutífera tal empreitada. E é o que mais acontece ao recorrermos a terceiros lhes expondo todas as dúvidas causadoras de nossa angustia, pois eles poderão observar apenas o objeto, jamais a nós mesmos. Isso se deve ao fato de que essa leitura detalhada acerca do ser é possível apenas pelo próprio ser. Apenas o sujeito poderá se conhecer de forma tão íntima ao ponto de encontrar a luz que lhe guiará para fora da escuridão.
    O conhecimento de si mesmo aparece como pressuposto da autoconfiança, e, é por isso, que antes de buscarmos fora de nós às respostas para nossas indagações é que devemos olhar para dentro de nós mesmos em busca de uma luz.
    Mas e quando já estamos tão acostumados a agir conforme as expectativas dos outros? Quando já temos por hábito pautar nossas decisões de acordo com os limites esperados pelos outros, o que pode ser feito? O que podemos fazer para nos libertar?
    Encontrar nossa própria identidade nesse momento é essencial, ou seja, saber de fato quem realmente somos. E isso se dá por trabalho árduo e demorado onde deveremos estudar a nós mesmos não apenas de forma solitária, mas inclusive em relação aos outros.
 


Autor : Lúcio Flávio